sexta-feira, 19 de novembro de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO , MY KIDS !

3 comentários:

  1. lindo, lindo, lindo ... repetimos em coro, enxugando as lágrimas que teimam em rolar.
    obrigada por seres nosso Pai - dizemos nós,
    obrigada por seres O PAI! - diz a mãe.
    Que Deus te abençoe,
    que Deus nos continue a abençoar.
    milhões de beijos nossos...

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  2. 2ª EPÍSTOLA DE PEDRO-PAI AOS CONSEQUENTES
    PARTE 1


    Vocês já nasceram.
    A esta hora já sou PAI de facto. De pleno Direito e de plenas Obrigações e Responsabilidades.

    Hão-de passar-se 11 anos para que o céu volte a chorar, neste 19 do 11 (talvez emocionado como vós e vossa Mãe...)

    A Mamã, por enquanto, ainda dorme – numa sala um tantinho sinistra, à qual chamam Sala de Recobro. Esta sala fica no mesmo piso da Sala de Partos (onde esburaquei as solas dos meus sapatos e sulquei, no corredor, o caminho de idas-e-vindas, desde que vos vi, aos 3, entrarem deitados numa precária maca, de segurança duvidosa).
    Esta sala, onde a Mamã dorme, com uma touca inexplicável na cabeça e um balandrau excêntrico que lhe cobre o corpo exausto e dorido – apenas 'abotoado' nas costas com não mais de 3 ou 4 laçarotes, do pescoço até, talvez, à curva posterior dos joelhos, é escura e situa-se no piso mais profundo do edifício.

    A esta hora, meu Pê, já te fiz festas no corpinho pequenino e roliço e enrolado em tubos e fios eléctricos ameaçadores. Fiz-te festas através de 2 redondos buracos que existem na caixa de vidro onde ainda estás – como se fossem as vigias de um navio.
    A esta hora, já tenho comigo a tua 1ª foto. "É para levar à mãe, quando despertar da anestesia" – disse-me a jovem Enfermeira que te recebeu no Serviço de Neo-Natologia, que te deu os primeiros cuidados e que foi, também, a tua 1ª fotógrafa.
    Tu, meu Filho, estás instalado no último piso do edifício. O 5º ou o 7º... Isso foi coisa de somenos... Embora vá passar todo o dia para cima, para te ver e estar contigo, para baixo para saber da Mãe ou para o meio (3º piso, talvez...) para te ver e estar contigo, Filhota, nunca usei os elevadores – nunca precisei de saber os números dos vossos andares, não tinha de premir nenhum botão. Usei sempre as escadas – não tenho paciência para esperar elevadores! – isso acelerava as minhas viagens verticais e ajudava-me a libertar tensões – e foram muitas.
    A esta hora já te dei o teu 1º biberon, Pê.

    Até agora, tenho estado desacompanhado – a Tia Paula está quase a chegar...

    A ti, Mia... só me vão deixar ver-te, pegar-te ao colo e cantar-te “If You Wish Up On A Star”, daqui a ½ hora, ou coisa que o valha.

    Irei encontrar-te num bercinho branco, vestida com 1 casaquinho de malha amarelinho deslavado, com uma lâmpada acesa sobre ti e... com umas mãozitas tão pequeninas, tão pequeninas... Cabiam as 2 numa só das minhas... e ainda sobrava espaço. E tu irás apertar o meu indicador com tanta força!, como se me quisesses dizer: "Eu sei quem tu és! És o MEU papá"

    E, quando me deixarem pegar-te ao colo, pegar-te-ei como se o tivesse feito toda a vida. Medo? Qual medo???
    Agarrar-te contra o peito e beijar-te a cabecita semeada de lanugo. Isso não mete medo!

    Medo.
    Medo tenho, desde logo, que não chegue a tempo de fazer o mesmo a ti, Filhote (minha fotocópia de alta qualidade).

    Com o querer de Deus ainda te mudarei a tua 1ª fralda, hoje mesmo.

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  3. 2ª EPÍSTOLA DE PEDRO-PAI AOS CONSEQUENTES
    PARTE 2

    Com o querer de Deus ainda te mudarei a tua 1ª fralda, hoje mesmo.

    Devem estar prestes a avisar-me que tenho minha Irmã na portaria para me ver.
    Irei ter com ela.
    Não irei almoçar, mesmo quando ela insistir e bla bla bla. Não me vai passar nada pela garganta.
    Mas irei despejar a pasta de emoções, medos e felicidades, em lágrimas, risos e ranhosidades.
    Sentimentos de abandono, também, (aquele que eu esperei – e quis – fosse o 1º a correr a acompanhar-me, por ter sido a ele a quem liguei em primeiríssimo lugar: “Pai, vão nascer... Estou nervoso... estou aqui sozinho.”, deu enormes gargalhadas: “É assim mesmo, pá! Aguenta. Agora não me dá jeito nenhum.”).

    Vou ter com a vossa Tia, que correu tão logo uma colega lhe transmitiu o meu recado, sem mesmo picar o ponto.

    Só irei descansar um pouco lá pelas 3 da manhã, quando uma Enfermeira me mandar embora, para casa, com o pretexto que um pai exausto, aqui, não ajuda nada.

    Tu, meu Pê, já estarás longe de perigo, a essa hora. E essa certeza permitir-me-á ceder ao conselho da jovem e sensata Enfermeira que fará a vela dessa noite.

    Irei, então, descomprimir.
    Vou precisar ser muito forte, muito robusto.
    Mas eu não sei.

    Dias depois, saberei que não estava nem lá perto.


    Junto as vossas lágrimas às nossas nas emoções que as memórias me roubarão um dia.
    Ou talvez não.

    Ninguém sabe.
    Eu não sei.
    Nem a Mãe!


    Beijos salgados e doces.

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